quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Maki (Bellydance Evolution Cast Special) - entrevista na RaqsART

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.


1. Você poderia nos contar sobre a competição para participar do elenco do Bellydance Evolution?
 
Para entrar na competição foi muito simples. Depois de se inscrever e de pagar a taxa de inscrição, precisamos aprender uma coreografia da Jillina a partir de um vídeo que mandam pra você. Então você precisa enviar um vídeo de si mesma dançando a coreografia e outro vídeo dançando o seu próprio estilo. Depois de enviar os vídeos e dar ulpoad neles no site do Bellydance Evolution, sua inscrição na competição está completa. As pessoas que visitam o site e vêem os vídeos podem votar nas bailarinas que mais gostarem e darem notas. A bailarina com o maior número de votos ganha o prêmio de Escolhida pelo Público (People’s Choice award). Então, a parte mais difícil... esperar a resposta da Jillina, se ela te selecionou ou não para participar do Bellydance Evolution.

Minha estratégia foi mostrar à Jillina que eu podia dançar no estilo dela e também poderia trazer algo de interessante para ela. Eu tentei dançar a coreografia dela com o estilo e a técnica dela, o mais fiel possível, e então mostrar o meu próprio estilo na minha parte. Eu acho que ser versátil e mostrar que você tem potencial para fazer qualquer coisa que ela pedir é o ponto chave.

2. Qual é o seu ponto forte como membro do Bellydance Evolution?

Eu acho que meus pontos fortes são minha ética e que trabalho em equipe. A forma como encarei minha experiência foi: tentar me divertir o máximo possível e absorver cada momento. Fazer parte do show foi uma experiência maravilhosa, e eu amei dançar com esse time de profissionais maravilhosas! Todos entendíamos que estavamos juntos para criar um grande show e para representar a dança do ventre da melhor forma possível. E porque tínhamos esse objetivo em comum e entendíamos que éramos capazes de fazer um show maravilhoso é que podíamos funcionar como grupo em apenas 10 dias. No início eu não sabia como as demais meninas seriam, mas a Jillina e o seu grupo Sahlala Dancers realmente deram o tom de trabalho em equipe e inclusão do início até o fim. Como o show em que participei era o que seria filmado para o DVD, houve um pouco mais de pressão para fazermos apresentações limpas. Essa pode ser uma das razões pelas quais a Jillina escalou tantas bailarinas do seu grupo e outras bailarinas que já tinham participado do show antes. Ziva (outra vencedora da competição) e eu éramos as únicas novatas no grupo, então senti que a Jillina tinha fé em mim e eu tinha que saber me colocar para não disapontá-la.






3. Você tem algum conselho para aquelas bailarinas que vão se inscrever na competição do Bellydance Evolution?


Participar de uma competição sempre te deixa nervosa, porque você está se expondo. Eu sempre lido com competições e audições da mesma maneira, eu faço o meu melhor e dou duro, mas se eu não sou escolhida/não ganho, não é o fim do mundo. Eu acho que você precisa ser realista e aceitar qualquer que seja a decisão tomada. Não é o meu show, nem a minha produção, a Jillina tem todo direito de escolher quem ela acha que se encaixa. Precisa ser uma boa bailarina, claro, mas também alguém que aprenda rápido coreografias, que se adapte às mudanças, que se corrija rapidamente com os feedbacks e que possa dançar o estilo dela. Não ser escolhida não é necessariamente um reflexo da sua qualidade como bailarina, apenas significa que você não é a melhor escolha para esse show. Assim como nas audições para muitos grupos de dança, você precisa mostrar que pode dançar numa unidade e que entende que faz parte de um quadro maior. Se você entrar, aproveite cada momento, e se prepare para trabalhar duro!






domingo, 21 de agosto de 2011

Kasia (Bellydance Evolution Cast Special) - entrevista na RaqsART

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.



1. Você poderia nos contar sobre a competição para participar do elenco do Bellydance Evolution?


Eu fiquei sabendo da competição por acaso pela Irina Akulenko, que já havia participado do show. Ela tinha coisas maravilhosas para contar sobre a experiência, então fiquei pensando nisso. Eu acho que foi em outubro que eu aprendi a coreografia pela Internet, de uma das OUTRAS competidoras, mesmo antes de me inscrever, só pelo prazer de aprender. Eu queria ver se eu consegueria aprendê-la com exatidão e rapidez através de uma imagem espelhada do vídeo e sem intervalos. E eu consegui!! Então, eu acho que foi em dezembro que me inscrevi na competição, e como já tinha aprendido a coreografia, mandei logo o vídeo. Eu estava com esperanças, mas decidi não pensar muito no assunto, e quando fui escolhida, meio que entrei em pânico. O tipo do pânico de organização, oh-meu-deus-o-que-vou-fazer-agora? Eu tinha um monte de coisas programadas para aquela época, fruto do estado de "não pensar muito no assunto", que eu tive que reorganizar. Mas deu tudo certo.



2. Qual é o seu ponto forte como membro do Bellydance Evolution?

 
Eu espero que o meu ponto forte seja o meu estilo bizarro de fusão de dança do ventre, que eu não sei como chamar. Fusão de Dança do Ventre Contemporânea (Contemporary Fusion Bellydance) é uma boa descrição, suponho eu. Eu espero que esse aspecto da minha dança possa trazer algo interessante para o show como um todo.

3. Você tem algum conselho para aquelas bailarinas que vão se inscrever na competição do Bellydance Evolution?

Aprenda direitinho a coreografia da competição. Braços e giros bem limpos. Se você souber fazer algo legal e único, mostre no seu vídeo de dança pessoal da competição. Esteja disposta a trabalhar com todo o mundo, trabalhe duro, não reclame ou arrume desculpas, se ajuste e se adapte a todas as mudanças que apareçam. Seja positiva. Você pode aprender algo de bom de TODAS as suas experiências, mudanças e situações. Dê tudo de si. E NÃO DEIXE DE DORMIR TUDO O QUE PRECISA. Isso ajuda muito!





domingo, 14 de agosto de 2011

Nadia Gamal (parte 1)

Por Lalitha


Resolvi escrever sobre a Nadia Gamal, meu grande ídolo e paixão na dança do ventre. O que se revelou uma tarefa bem mais complexa do que eu imaginava.

Tive meu primeiro contato com a Nadia por meio de uma fita de vídeo, ainda daquelas antigas, com uma linda performance dela num casino. É o vídeo mais famoso dela. Depois assisti uma fita que nunca mais encontrei (mas que tem no Youtube!) onde ela faz uma performance num teatro, com uma linda roupa azul estrelada. E desde então procuro tudo o que posso sobre ela.

Hoje é fácil de adquirir dois vídeos dela, um com a performance no Cassino (Nadia Gamal, The Legend) e outro é o vídeo de um workshop que ela deu em New York, nos EUA em 81. Recomendo muitíssimo os dois, mas para aproveitar bem o segundo é melhor saber inglês.



Mas hoje em dia com o Youtube, tudo fica muito mais acessível.

Apesar de ser razoavelmente fácil de achar vídeos dela na rede, informações sobre sua vida são bem mais difíceis de se encontrar. Existe apenas um livro com uma espécie de biografia da grande lenda da dança do ventre, e não é um livro sobre dança, mas sobre música.

Por algum acaso da vida, esse americano, Randall Grass, que é produtor musical, conheceu o trabalho da Nadia e ficou completamente apaixonado, e não a deixou de fora do seu livro Great Spirits.



Para ter uma ideia do que o autor achava da Nadia, vai aqui a tradução (minha) da Introdução do livro:

"Sem dúvida alguns podem achar a minha inclusão da Nadia Gamal, uma bailarina, meio quixotesca. Porém uma grande bailarina é uma musicista cujo instrumento é o seu próprio corpo. Nadia Gamal realmente era um "great spirit", tanto quanto um grande músico, uma artista que inspirava admiração naqueles que a assistiam. Contudo, ela é pouco conhecida fora do Oriente Médio e dos círculos de Dança Oriental, uma injustiça que que eu senti que precisava ser corrigida."

O livro não é tão detalhado assim com relação a vida pessoal da Nadia, porém é cheio de impressões sobre sua dança, o que o torna muito rico e gostoso de ler, apesar da parte que cabe a essa diva se reduzir a apenas 23 páginas. Vocês podem ver uma entrevista com o autor aqui.

A melhor fonte para conhecer a Nadia Gamal que encontrei é um site mantido por uma brasileira, Livia Jacob, no Multiply. Lá você encontra uma vasta coleção de fotos, vídeos e artigos (inclusive da revista brasileira O Cruzeiro!), tudo em inglês. Ah, sim, e não é muito amigável de ficar passeando, requer alguma paciência.

Porém, é de lá e do livro do Randall que tiro a seguinte mini biografia de Nadia Gamal.


Nadia Gamal nasceu em Alexandria, no Egito, em 1937 (ou 39, essa informação não é muito certa), filha de mãe italiana e pai grego, seu nome de batismo era Maria Carydias. Ela cresceu no meio artístico, pois sua mãe era bailarina e atriz, e apresentava um número no Casino Opera no Cairo, que pertencia à lendária Badia Massabni. Quando pequena Nadia já se apresentava com a mãe, como atriz, no Casino Chatby em Alexandria, quando era conhecida como Carry Days. E mais tarde como dançarina, fazendo números de danças européias no Casino Opera. Além disso, como na época era proibido o trabalho de menores de 13 anos no Egito, suas participações em festas e casamentos eram consideradas informais.

Foi no Casino Opera que sua carreira como bailarina oriental realmente começou, lá a libanesa Badia Massabni mantinha uma escola de dança oriental que foi a grande responsável pela primeira fusão do ballet com a dança do ventre, dando origem ao estilo hoje conhecido no Ocidente, além de tornar clássico o uso da roupa bustiê/cinturão que também é chamado de figurino hollywoodiano. Foi lá também que surgiram os primeiros grandes nomes da dança, como Samia Gamal e Tahia Carioca.

Foi nesse meio privilegiado que Nadia começou a dançar. Seu estilo era único, pois era treinada em balé, dança moderna, piano, jazz, sapateado etc.

Diz uma lenda que sua primeira apresentação na dança oriental (seu pai a proibia de dançar em público por conta da sua idade) foi aos 14 anos, quando uma das bailarinas do casino da Badia ficou doente e não pode se apresentar, sendo substituída por Nadia.


Mas Nadia também era muito estudiosa, falava 7 línguas diferentes e gostava de pesquisar a origem da dança do ventre. Sua grande missão era lutar contra a vulgarização dessa arte, chamada erroneamente de Dança do Ventre, uma tradução errônea do nome Raqs Sharqi (dança oriental), e ela costumava enfatizar "A Dança Oriental é uma arte, essa dança é a mais antiga da nossa civilização. Eu viajo pelo mundo para mostrar que é uma dança refinada, artística, tradicional e cheia de beleza."

Como bailarina ela se orgulhava de ser a única a ser convidada a se apresentar no famoso festival libanês Baalback, em 1964 (ou 1968, as fontes divergem), onde, apesar do preconceito contra a dança do ventre, ela foi aclamada por 4 mil espectadores e sua apresentação é considerada memorável até hoje. Seu reconhecimento como bailarina excepcional também veio quando ela se tornou a bailarina do palácio do Shah do Irã e também do Rei da Jordânia.

Ela participou de inúmeros filmes e shows, tanto como bailarina como como atriz, mas não existe um catálogo oficial deles, apesar de ser possível achar muitos no Youtube hoje em dia, ou no site da LiviaMultiply. Uma das coisas interessantes desses vídeos é que eles englobam quase toda a carreira da Nadia, então é possível observarmos a sua evolução como bailarina, desde novinha até quase a sua morte em 1990, por conta de um câncer de mama.

Ela se apresentou em inúmeros países, incluindo diversos lugares da Europa, porém, só se apresentou nos EUA uma única vez, tendo recusado diversos convites, dizendo que os americanos não entenderiam a sua arte. Sua única apresentação teve lugar no famoso Town Hall em 1981 e está lindamente descrita no livro de Randall Grass, e também no artigo da Suhaila Salimpour, "I remember Nadia". Infelizmente ela não foi filmada.

Nadia foi casada 3 vezes, mas nunca teve filhos. Seu legado são seus vídeos, as memórias daqueles que presenciaram sua dança inesquecível e a marca que ela deixa em todos aqueles que assistem, mesmo que em vídeo, a sua arte.

Com vocês, Nadia Gamal:



Como vocês puderam notar, esse é só o primeiro post! Ainda vamos analisar muitos vídeos e detalhes da Nadia! Aguardem!

sábado, 13 de agosto de 2011

Nourhan Sharif - Entrevista na RaqsART

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.


 1. Por que você começou a dançar Raqs Sharqi (dança do ventre)?

Minha mãe era professora nos anos 70... Eu era filha única e ela me levava com ela para as aulas :) ... Não tinha ninguém para tomar conta de mim em casa e minha mãe era obcecada por Dança do Ventre... então eu comecei de fraldas aos 2 anos!

Mais tarde comecei a dar aula para crianças com a tenra idade de 8 anos... era assim que era minha vida! Minha mãe tinha mais de 500 alunas por vez... ela não deixava nosso Estado natal (eu sou de Rhode Island) e ela não era famosa, mas tinha uma escola enorme! Todas as mulheres estavam fazendo essa dança como exercício nessa época nos EUA.


2. O que é mais importante quando dançamos em público?

Manter a nossa integridade e a dignidade e continuar a desenvolver e levar a nossa dança para frente... existem bailarinas demais por todo o mundo que são mal treinadas e exibem um comportamento duvidoso enquanto dançam em público e, infelizmente, elas continuam baixando o nível para todas nós! Eu estou sempre consciente de que a minha dança reflete uma cultura e não é apenas "dança de brincadeira", eu acredito nas raízes dessa dança e a maior parte das coisas do Oriente Médio vêm do Egito... Ela é como nossa mãe, e devemos respeitá-la como nós mesmas! A dança não é para ser retirada da cultura de onde vêm! Por exemplo, algumas pessoas querem dançar dança do ventre com Rock and Roll... isso não é algo que pessoalmente eu gostaria de fazer :)


3. Você poderia nos falar sobre o seu estilo de Raqs Sharqi?

Eu sou uma mistura entre os estilos Egípcio e Libanês. A maior parte do meu aprendizado é/foi com mestres Egípcios, e minha experiência de palco é/foi com músicos libaneses :) Me sinto com muita sorte de ter dançado com músicos tão maravilhosos ao vivo que se importavam de verdade com o meu show... meu primeiro CD "Nourhan Sharif Raks Sharqui Volume One" foi escrito e me dado como presente por um músico, Aboudi Badawi, de Trípoli, Líbano, e foi um presente muito especial para mim que eu vou apreciar para sempre! Eu tive outros treinamentos, mas minhas fontes principais são o Egito e o Líbano!

Minha biografia completa está no meu site :) Eu tive a grande sorte de ter quase todos os professores egípcios famosos vindo e ficando na minha casa e ensinando aqui em New York, na Academia Egípcia de Dança Oriental (The Egyptian Academy of Oriental Dance) que eu administro desde 1997!


4. Você poderia nos contar sobre a relação entre Raqs Sharqi e as suas origens?

Minha mãe era professora então eu fui forçada a entrar nela... mas então passei a amá-la :) Nós somos ítalo-americanos e portanto ela não é relacionada diretamente com minha ancestralidade, mas de qualquer forma eu pareço egípcia e a maior parte das pessoas acredita que sou egípcia e simplesmente assume que isso é verdade. Minha aparência e meu corpo parecem bem egípcios e para o bem ou para o mal, aceitei isso há muito tempo :) Eu só me lembro de ter dançado música Grega, Libanesa, Turca e Egípcia em toda a minha vida! Nunca fui fã de música americana.



5. Você poderia dar alguns conselhos para bailarinas de Raqs Sharqi?

Jamais use uma música sem ter a tradução da letra, senão use apenas música instrumental! Nunca diminua os seus preços e consequentemente os da sua comunidade de bailarinas só porque você quer dançar... melhor dançar de graça para os necessitados que forçar os preços para baixo para as suas irmãs na dança! Infelizmente isso aconteceu em New York, e foram as próprias bailarinas que baixaram as tarifas nas boates ao competir em preço umas com as outras... essa prática ainda acontece em muitas grandes cidades ao redor do mundo, eu a vejo em quase todo o lugar que vou ensinar e isso é muito ruim para a nossa Arte!

Eu vou colocar muitas dicas no meu futuro livro sobre como se tornar uma bailarina de sucesso :) São muitas peças nesse quebra-cabeça!


6. Quem é a sua bailarina ideal? Porque você gosta dessa bailarina?

Sohair Zaki tinha o melhor trabalho de quadril e a melhor limpeza na sua dança... também tinha os melhores músicos e ela foi a primeira a dançar Ulm Kalthoum!

Mona Said pela sua expressão!

Raqia Hassan é a melhor treinadora/professora/coreógrafa viva na Raqs Sharqi na minha opinião, e ela ensinou a maior parte das estrelas do passado e de hoje! (Dina, Soroya, Rhonda, Mona Said etc)

Também fico muito impressionada com Hassan Affifi, que é muito prolífico para a sua geração, ele criou muitos artistas, bailarinos e filmes ao longo da sua vida... Se eu vivesse no Egito passaria a maior parte do meu tempo com ele e a Madame Raqia!

Atualmente estou em tour em 2011 com Ahmed Hussein, que é o único Egípcio que tem prêmios em Ballet, Dança do Ventre, NYC Broadway Star e Dança de Salão! Não acredito que tenha ninguém mais qualificado do que ele na nossa área, e ele é meu atual professor! Não existe mais nenhum egípcio vivo, que eu saiba, que seja campeão de Dança de Salão, exceto o Ahmed, e isso o torna muito especial e requisitado!




7. Quais são os planos futuros com Raqs Sharqi?


Continuar ensinando e compartilhando essa dança e cultura que eu amo (elas andam de mãos dadas), produzir mais ferramentas necessárias para o ensino (eu produzi 4 DVDs e 15 CDs até hoje na minha carreira) e continuar fazendo a linha "Sharifwear for divas that dance"! Ela torna felizes mulheres dos tamanhos PP até o GGGG! Orgulhosamente produzida nos EUA! Eu fui a primeira pessoa a ter uma linha feita exclusivamente para Raqs Sharqi no mundo e tenho muito orgulho disso! Estou escrevendo um livro sobre Bellydance & Betrayal (Dança do Ventre e Traição)... a história da minha vida, que inclui muitos apontamentos sobre a cultura, e discussões sobre a dança do ventre, os lados positivos e negativos! Uma conversa franca sobre os abusos/traições horríveis/desconcertantes do meu ex-marido Yousry (Ahmed) Sharif, que acabou se revelando uma pessoa horrível depois de 20 anos de relacionamento! As mulheres precisam aprender sobre esse tópico... muitas jovens acabam engolidas pela fantasia do Lawrence da Arábia... eu tenho sorte de ter me livrado dele e preciso ensinar às outras sobre isso... enquanto esse tipo de situação acontece com outras bailarinas que têm medo de falar, o ciclo de abusos continua. Muitas bailarinas perdem suas carreiras, seu dinheiro, juventude e beleza para um homem muito rapidamente ao redor do mundo... eles usam as mulheres para obter passaportes, dinheiro, greencard etc... as crianças acabam presas no meio e uma mulher precisa realmente pensar claramente e ser ensinada sobre muitas coisas antes de se casar com qualquer homem, imagina com alguém de outra cultura... Meu livro vai cobrir muitos desses assuntos. Muitas bailarinas acham que casar com um músicos ou homens árabes vai alavancar suas carreiras, mas na maioria dos casos isso acaba matando a sua dança, então elas acabam por obter o resultado oposto do que esperavam! Sem nenhum planejamento meus dois mestrados MSW (nota da tradutora: Master in Social Work - mestrado em trabalhos sociais) e MBA (nota da tradutora: Master in Business Administration - mestrado em administração de negócios) mais meus 40 anos de dança estão se encaixando e isso é uma grande surpresa... mas eu sinto a responsabilidade de ajudar/ensinar as novas gerações sobre dança, cultura e conscientização!


8. O que é mais importante na hora de criar uma coreografia?


Ser capaz de trabalhar com a melodia, a letra e os ritmos num nível sofisticado, o que leva toda uma vida para aprender e ninguém nunca termina o aprendizado... ele continua até a sua morte! Se uma professora te diz que ela tem um talento vindo de Deus e é só isso (eles não tiveram professores humanos) o meu conselho é ir embora imediatamente... nós todos precisamos de professores... a civilização é baseada em ter professores... e os bons nos dão inspiração e uma boa base para criarmos por nós mesmas! Eles não são invejosos e ficam felizes quando seus pupilos vão bem! Eu serei anfitriã do Future Star Raqs Sharqi Series aqui em New York para formar jovens talentos no outono de 2011!


9. Como e/ou com quem você pratica?


Eu trarei Madame Raqia aqui em 2011 e 2012 e também serei anfitriã de outros egípcios... Eu trago aproximadamente 4-6 egípcios por ano para NYC na Egyptian Academy of Oriental Dance e eu sempre faço o workshop! Atualmente eu pratico com um professor de Salsa, e outro de Hustle (nota da tradutora: tipo de dança de salão dos anos 70 que lembra o soltinho), ambos os melhores das suas áreas aqui em NYC... é difícil para mim achar inspiração na minha área em NYC atualmente... muita gente está interessada no culto à deusa, em fusões e eu pessoalmente não me interesso por essas coisas... Eu gosto de Raqs Sharqi pura. Meu professor de Flamenco, Mariano Parra, disse uma vez "fusão é confusão" e eu concordo com ele... para alguém fazer uma fusão é necessário 25 anos em cada área... muitos bailarinos não vivem tempo o suficiente para isso ou então não vão se esforçar tanto... eu não posso fazer fusão, eu não viverei tempo o suficiente para isso! Meu atual professor é Ahmed Hussein, que eu descrevi anteriormente.




10. Como bailarina, que métodos ou rotinas diárias (produtos de beleza, massagens etc) você utiliza para manter a sua beleza?


É importante alimentar a sua alma, ir a encontros artísticos amorosos consigo mesma... ir ao museu, ler um livro etc... Eu também gosto de ir ao Korean Spa (n.t.: tipo de spa muito em voga no EUA hoje em dia, que é especializado em massagens e saunas) para trabalhos corporais... o seu corpo é o seu templo e se você não cuidar dele, vai se tornar a sua prisão! Eu como bem e tento me exercitar diariamente... meu corpo está acostumado a dançar então eu preciso fazer outras coisas para aumentar meus batimentos cardíacos e sacudir o meu corpo!

11. (Dizem que Raqs Sharqi é mais relaxante e desestressante que outros tipos de dança) qual parte da Raqs Sharqi você acha que é mais relaxante?

Raqs Sharqi é relaxante quando eu danço apenas para me divertir, o que raramente acontece, a não ser que eu esteja num casamento etc... (estou sempre trabalhando!) Para mim, Hustle, Yoga ou Salsa são relaxantes porque não fazem parte do meu trabalho... é só para mim :) Teve momentos na minha carreira que dançar com música AO VIVO me fazia me perder na música... isso nunca acontece dançando com CD... e dançar com música ao vivo é raro hoje em dia, então não acontece com frequência :( mas eu poderia dizer que relaxo com música ao vivo! No Japão vou dançar com música ao vivo em outubro! Yeah!!

12. Que sugestões você tem para fazer a comunidade da dança do ventre crescer? Como você acha que podemos tornar a dança do ventre uma indústria?

Muitas mulheres ocidentais estão fazendo da dança uma indústria fitness... dança do ventre é um tipo de exercício em quase toda academia na área de New England!!! Eu tenho alunas que têm mais de 500 alunas nas suas escolas... elas estão criando certificados, shows etc e isso está se tornando um grande negócio para elas! Pessoalmente, eu não sou professora de academia, mas não tenho nada contra essa ideia... sim, você pode fazer exercício na minha aula, mas eu estou mais interessada na sua cabeça do que no seu corpo... a maior parte das bailarinas profissionais que se apresentam hoje em NYC começaram comigo... eu estou interessada mesmo é em fazer as bailarinas se mexerem, pensarem e criarem com uma fundação sólida e com o básico... sem isso você não vai longe! Eu insisto em aprender os ritmos... muitas bailarinas que dançam há anos não sabem dizer quais são os ritmos básicos e isso me deixa muito triste!







domingo, 7 de agosto de 2011

Amani - entrevista na RaqsART

Por Yuki RaqsART

tradução de Lalitha

Artigo original aqui.


1. Por que você começou a dançar Dança Oriental?

Eu me formei em Sociologia e em Estética. Entrar no mundo artístico foi um sonho que se tornou realidade.

Quando eu lia os livros antigos sobre o oriente e sua história, eu me imaginava dançando nessas histórias e eventos históricos. Eu sonhava com a dança, em ser capaz de incorporar essas visões numa apresentação de dança na minha mente.

Minha paixão pela Dança foi um portal luminoso para uma cultura histórica.

2. O que é mais importante quando dançamos em público?

A coisa mais importante que você precisa manter em mente quando dança em público é ter respeito e dignidade pela sua dança e por si mesma. Melhor evitar qualquer movimento degradante para você e para sua dança. Por exemplo:

  • Evidenciar vulgarmente o seu bumbum quando você fizer um círculo grande com o quadril.
  • Balançar seus seios de forma indecente ao invés de fazer um shimmie de ombro elegante.
Esses movimentos foram adicionados ao vocabulário da dança oriental mais tarde, por bailarinas que preferiam depender da expressão da sua sexualidade de forma explícita do que na qualidade artística do que poderiam mostrar. Para manter a dignidade dessa arte, nós todas devemos ter cuidado para não passar a impressão errada para o público.

Quando você vir qualquer movimento que você acha que vai degradar a sua imagem, não os adicione ao seu vocabulário. Tenha uma visão crítica do que você faz. A sua dança deve ser um reflexo da sua personalidade, não da de outra pessoa.

Se você tiver alguma dúvida, por menor que seja, pare e reflita.

"Devo aceitar pessoas que acham que são representações da minha personalidade? Devo aceitar tais movimentos, como mostrar meu bumbum para o público num círculo com o quadril ou balançar meus seios vulgarmente?

"O que será que eu pensaria se visse uma mulher fazendo esses movimentos sem música?

"É permitido mostrar movimentos que normalmente não são respeitosos em público só porque tem música e batidas?"

O que nós fazemos é que decide o caminho por onde a dança se desenvolve. Vamos trabalhar juntas:

  • para abolir os movimentos estranhos adicionados recentemente ao vocabulário da dança oriental, e
  • fazer a dança oriental evoluir sem perder a sua autenticidade e estética.
Trabalhando de mãos dadas nós podemos mudar o cenário atual da dança no mundo todo.


3. Você poderia nos falar sobre o seu estilo de Dança Oriental?

Um estilo pessoal de dança pode ser dividido em duas partes: Estética e Técnica.

Estilo Pessoal de Estética Inteligente

Novamente, cada estilo reflete a personalidade do artista. Questões intangíveis são difíceis de explicar. Tudo o que posso dizer é que quando eu vejo uma coreografia executada pelo(a) próprio(a) coreógrafo(a) eu entendo a sua lógica, criatividade e percepção, o quão transparente ele(a) é.

É por isso que eu digo que a minha dança revela a minha personalidade.

Tecnicamente Inteligente

Amani acredita que a Dança Oriental é uma arte por si só. Ela pode expressar, como qualquer outra forma de arte, tudo o que você quiser.

O estilo de Amani simplesmente enfatiza um ângulo diferente de trabalho corporal e de expressão, não apenas o trabalho de quadril e pequenos movimentos dos braços.

Ela trabalhou no aprimoramento da arte nessa dança:

  • Deu uma nova dimensão teatral. Ela trocou do estilo cabaré pelo teatro.
  • Ela aumentou o vocabulário da dança, introduzindo e adicionando novos passos influenciados pela  arquitetura árabe e outras influências árabes.
  • Ela trabalhou filtrando os diferentes estilos de dança oriental, tais como: Andaluz, Histórico, Moderno etc... e Folclórico, para que o público pudesse difenciar melhor entre eles.
  • Ela apresentou danças no formato de histórias contadas, utilizando o vocabulário da dança oriental.
  • Amani, no seu panorama de dança, dança, atua e canta no palco quando a obra assim impõe, como se pode ver nos seus shows "Batta", “Tabiloulha”, “Ammouna fi Al Saiid”, “Jamilat el Mamalik” etc
  4. Você poderia nos contar sobre a relação entre a Dança Oriental e as suas origens?

Referindo e relacionando com a pergunta anterior sobre o meu estilo, e com a minha resposta que reflete sobre a relação entre a personalidade e o estilo, não posso separar ou distinguir entre a minha dança e as minhas origens, pois ambos são uma só. Se eu não tivesse vivido na minha cultura oriental, minha dança e meu estilo teriam tomado um caminho totalmente diferente.


6. Quem é a sua bailarina ideal? Porque você gosta dessa bailarina?


Existem muitas bailarinas cujo trabalho eu aprecio muito, como:
  • Samia por sua graça
  • Naima Akef por sua criatividade
  • Katty por sua energia
  • Nadia pela execução
  • Najwa por sua perseverança
  • Maima Mokhtar pelas sensações que passa com a música
  • Nabawiya Mostapha pela sua maravilhosa técnica de quadril
e muitas muitas mais.


7. Quais são os seus planos futuros com a Dança Oriental?


O Amani Oriental Festival é o plano principal. Como uma bailarina de destaque interessada e que depende do desenvolvimento e da preservação da Dança Oriental, da sua natureza e suas características, do refinamento do panorama atual da dança no mundo, eu acredito que é minha missão tomar medidas sérias que visem esses objetivos, começando com workshops que juntem o maior número possível de bailarinas orientais num só trabalho organizado, onde nós possamos harmonizar e destilar a essência e o conteúdo dessa arte. Portanto, eu abro as portas para professores de todo o mundo (nossos professores convidados) que queiram participar do Festival.




8. O que é mais importante na hora de criar uma coreografia?

Quando você ama a música, você certamente terá uma visão. Quando você faz alguma coisa com amor e com o estado de espírito certo você se inspira... essa inspiração te leva aos primeiros passos de uma boa coreografia e a ser criativa.


9. Como e/ou com quem você pratica?

Eu pratico sozinha. Quando estou me preparando ou ensaiando para um show eu trabalho com a minha companhia de dança.


10. Como bailarina, que métodos ou rotinas diárias (produtos de beleza, massagens etc) você utiliza para manter a sua beleza?

Eu bebo muita água, como chocolate e sorvete, sou quase vegetariana. Durmo bem. Não bebo nem fumo. E finalmente, acredito no Nosso Criador, a fonte do amor e da paz. 

11. (Dizem que a Dança Oriental é mais relaxante e desestressante que outros tipos de dança) qual parte da Dança Oriental você acha que é mais relaxante?

Legal ouvir isso! Para mim qualquer coisa que se faça com amor traz relaxamento e felicidade, no fim você se sentirá preenchida pelo seu trabalho. A parte mais relaxante na minha dança são os aplausos da platéia e a sua alegria.