terça-feira, 20 de março de 2012

Violência contra a mulher no Oriente Médio

Imagem de Habibi de Craig Thompson

Semana passada eu li um post de um historiador americano especializado no Oriente Médio, o Juan Cole, que fala de uma tentativa de se passar uma nova lei no Líbano que seria parecida com a nossa Maria da Penha. Essa lei permitiria que mulheres libanesas entrassem na justiça contra os maridos por conta de abusos, tanto por violência física, quanto por abusos verbais e por estupro marital (gente, me assusta saber que isso existe, até mesmo aqui no Brasil).

A lei está barrada no senado do Líbano por conta das bancadas religiosas. A desculpa? Vai confundir a definição de família no Líbano, diminuindo o poder que o homem tem dentro de casa e como chefe de família. É sério isso.

Agora alguns números "legais" sobre o mundo árabe:

Num estudo de 2002 com 1418 mulheres, 35% relataram já ter passado por alguma experiência de violência doméstica. Dentre elas, 88% sofreram abuso verbal, 66% violência física, e 57% relataram sua experiência para alguém, família, amigos ou autoridades, e seus pedidos de ajuda foram em vão.

Segundo a UNICEF, no Egito, 35% das mulheres são espancadas pelo marido pelo menos uma vez durante a duração do relacionamento, e em Israel (sim, Israel), 32% das mulheres já relatou pelo menos um caso de violência causada pelos parceiros.

Página de Habibi, de Craig Thompson: "Houve um tempo em que eu usava o meu corpo para me beneficiar - mas mesmo então ele não me pertencia - em vez disso, ele era possuído pelos desejos dos homens"


E agora outros números, do mundo, tirados daqui:

“Mais de um milhão de mulheres são vítimas de violência. E essa é a maior causa de invalidez feminina entre 16 e 44 anos e mais de dez mulheres morrem por dia no país em decorrência da violência doméstica. Enquanto você lê este texto, a casa 15 segundos, uma mulher é agredida e os agressores são 70% seus namorados, maridos, companheiros ou ex-companheiros.” (FATOR, 2012)

"Em algum momento de suas vidas, metade das latino-americanas é vítima de alguma violência." (Fonte: Unifem, 1999)

"De acordo com a Organização de Saúde, de 85 a 115 milhões de meninas e mulheres são submetidas a alguma forma de mutilação genital por ano, em várias partes do mundo." (ONU, 1999)

"Estima-se que pelo menos uma vez ao ano, 50% das mulheres árabes casadas são espancadas por seus maridos e 25%, uma vez a cada seis meses." (Control Ciudadano, Instituto Del Tercer Mundo, 1999)

"Em 1993 o Banco Mundial diagnosticou que a pratica de estupro e de violência doméstica são causas significativas de incapacidade e morte de mulheres na idade produtiva, tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento." (CMI 2004)

"No Brasil a cada 4 (quatro) minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar, por uma pessoa com quem mantém uma relação de afeto." (CMI 2004)


"O Banco Mundial estima que uma em cinco mulheres no mundo já foram atacadas física ou sexualmente." (CMI 2004)

Acho importante a gente falar sobre isso quando se fala de dança do ventre, cultura árabe e feminino. Acho que devemos difundir a cultura, mas devemos estar sempre alertas para o lado negativo de cada sociedade (inclusive a nossa, viu?) e termos cuidado com os valores que passamos e usamos no dia a dia. A dança do ventre traz uma valorização da mulher, com uma definição de feminino na maior parte das vezes delicado, mas isso jamais deve ser usado como justificativa para torná-la inferior ao homem.

Nada justifica a violência física, ainda mais numa relação amorosa, seja ela tradicional ou não. E isso eu acho importante ressaltar, porque a dança do ventre é uma arte não-violenta, que celebra especialmente a vida. E como ela trabalha a nossa auto-estima, acho importante que seja disseminada entre as mulheres, porque quanto maior a nossa auto-estima, maior será a nossa indignação perante esses números e maior a nossa força para resistir e lutar contra esses abusos, estamos nós mesmas vivenciando-os ou não.

Caso vocês queiram saber mais sobre essa lei no Líbano, dêem uma olhada no blog do Juan Cole, aqui, em inglês.

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